Dra. Ellen Goiano Ortopedista e Traumatologista Pediátrica Formada em 2006, com experiência no tratamento de doenças raras do metabolismo ósseo e em diversas doenças ortopédicas da criança. Mestra em Ciências da Saúde pela Santa Casa de São Paulo. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP). Áreas de interesse: Displasia do Desenvolvimento do Quadril, Doença de Perthes, Pé Torto Congênito, Osteogênese Imperfeita, Acondroplasia, Mucopolissacaridoses, Raquitismo, entre outras. Atua na educação médica desde 2010. Coordenadora do PRM de Ortopedia e Traumatologia do Conjunto Hospitalar do Mandaqui. Professora de Graduação do curso de Medicina da Uninove.
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A “dor do crescimento” é frequentemente relatada como uma dor de caráter recorrente, nas duas pernas, que ocorre predominantemente no final do dia ou durante a noite. É mais comum em crianças dos 3 aos 6 anos de idade e não tem preferência por sexo. Se a dor do seu filho/filha for persistente e/ou fugir dessas características é importante procurar um ortopedista pediátrico para excluir outras possibilidades de diagnóstico.
Conhecemos como pé torto congênito uma alteração que ocorre nos membros inferiores ao nascimento e que inclui alguns desvios específicos nos pés e pernas como mostrado na foto. O tratamento padrão, nos dias atuais, é o Método de Ponseti que consiste em uma fase de trocas de gesso por médico treinado, uma pequena cirurgia de tendão e uma fase de uso de órteses (tipo Denis-Browne) para manutenção da correção. É um tratamento relativamente longo e é importante pra família tirar todas as dúvidas e estar bem alinhada com a equipe de saúde para ter o melhor resultado possível.
Pés planos, pés chatos ou pés retos são aqueles pezinhos que não possuem a curvatura natural do pé, principalmente quando estão pisando. Quando a criança anda, eles frequentemente ficam pronados (virados para dentro) e há desgaste dos sapatos nessa área. Muitas vezes, essa alteração é de origem genética ou familiar e não atrapalha o desenvolvimento da criança. Quando o pé plano for doloroso, assimétrico (num único pé), associado a quedas frequentes ou rígido, é importante procurar o ortopedista pediátrico.
Os “famosos” joelhos para fora (genuvaro) ou joelhos pra dentro (genuvalgo) são motivos frequentes de consultas ao ortopedista pediátrico. Tanto um quanto outro são normais, dependendo da idade da criança. Se eles estiverem fora da indicação de idade, forem assimétricos (mais acentuado de um lado que no outro), dolorosos ou associados a quedas frequentes, procure seu ortopedista pediátrico.
A doença de Perthes ou de Legg-Calvé-Perthes decorre de uma parada temporária da chegada de circulação de sangue para a cabeça do fêmur. Quando isso ocorre, dizemos que o osso sofreu uma necrose. Os sintomas podem ser leves com claudicação (criança “manca”) e pouca dor ou bem limitantes com parada da movimentação do quadril. Durante o processo de “cura”, o quadril pode sofrer uma deformação e sair do lugar (subluxação ou luxação) e é importantíssimo estar acompanhado de um profissional que conheça bem a doença para ter um acompanhamento e recuperação adequados.
A displasia do desenvolvimento do quadril, que antes era conhecida como luxação congênita do quadril, é uma alteração onde a articulação entre a coxa e a bacia não está acontecendo adequadamente. Essa anormalidade da articulação pode causar desde instabilidade (eles estão encaixados, mas se desencaixam conforme alguns movimentos provocativos) até uma luxação completa (não há contato entre o acetábulo e a cabeça do fêmur). O tratamento padrão, quando o diagnóstico é feito precocemente, é com o uso do Suspensório de Pavlik que mantém os quadris encaixados e numa posição adequada ao desenvolvimento correto do quadril da criança.
A epifisiólise do quadril, ou escorregamento da cabeça do fêmur é uma alteração do quadril que ocorre mais comumente na adolescência. Nestes casos ocorre um enfraquecimento da placa de crescimento do quadril e a cabeça do fêmur se desloca progressivamente do restante do osso. Os sintomas podem estar relacionados diretamente ao quadril que pode apresentar dor, claudicação (a criança “manca”) e dificuldade em realizar alguns movimentos. Em outras situações, os sintomas são mais sentidos no joelho por irritação de um nervo que passa muito próximo ao quadril (nervo obturatório). A epifisiolise necessita de tratamento o mais precoce possível e é considerada uma urgência ortopédica.
A paralisia cerebral, apesar do que o nome pode sugerir, inclui um grupo de alterações que muitas vezes não apresenta comprometimento da inteligência, cognitivo ou do desenvolvimento da criança. Trata-se do resultado de uma lesão no sistema nervoso central (daí o nome) que pode atingir uma ou mais áreas do cérebro, mas que pode, por exemplo, trazer comprometimento somente da área motora (músculos e tendões). O sintoma principal nestes casos costuma ser a espasticidade muscular (músculos tensos e enrijecidos) que pode levar a deformidades com o tempo. O acompanhamento deve ser idealmente multidisciplinar com ortopedista pediátrico, neuropediatra, fisiatra, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudiologia, entre outros a depender do grau de comprometimento.
A osteogênese imperfeita é uma doença rara de origem genética em que a principal característica é a fragilidade óssea, ou seja, onde ocorrem muitas fraturas, principalmente na infância. Por ser uma alteração genética do colágeno tipo I que também está presente em outros órgãos e tecidos, ela pode provocar outros problemas como alterações dentárias, surdez e deformidades de membros, por exemplo. Ainda não há tratamento específico para a alteração do colágeno, mas já existem muitas opções de tratamento para diminuição do número de fraturas e melhora da qualidade de vida. Procure um médico especialista para saber as opções.
As mucopolissacaridoses ou MPS’s são doenças raras do metabolismo do lisossomo onde a deficiência de enzimas provoca acúmulo de substâncias prejudiciais chamadas de glicosaminoglicanos (GAG’s) ou mucopolissacarídeos. Esse acúmulo nos órgãos e tecidos diversos do corpo podem manifestar-se de muitas formas, inclusive nos ossos, ligamentos e músculos. Uma característica comum entre as MPS’s é a baixa estatura e um ritmo diminuído de crescimento. A maioria delas já possui tratamento específico e o diagnóstico correto e precoce é fundamental para mudar o curso da doença.
As displasias esqueléticas ou displasias ósseas são um grande grupo de doenças raras de origem genética que afetam o crescimento e o desenvolvimento infantil. A mais conhecida e mais comum é a acondroplasia, resultante de uma alteração do gene FGFR3 que é responsável pela produção da proteína receptora 3 de fator de crescimento de fibroblastos, que converte cartilagem em osso. Uma característica em comum também nas displasias esqueléticas é a baixa estatura desproporcional. Para uma melhor avaliação é importante procurar sempre ajuda médica especializada.
Os raquitismos são um grupo de doenças resultantes de alteração do metabolismo ósseo que atingem crianças em várias faixas etárias.
Os principais sintomas são dor óssea, desvios angulares dos joelhos (genuvaro ou genuvalgo), baixa estatuta e ocasionalmente fraturas. Apesar do raquitismo nutricional já estar mais controlado no contexto atual, existem outras formas genéticas e secundárias a outros distúrbios que ainda são relativamente frequentes, como o raquitismo hipofosfatêmico, a hipofosfatasia, a síndrome de Fanconi e outros. Já existe tratamento específico para parte deles. Para saber mais procure um especialista.